terça-feira, 12 de maio de 2009

Infidelidades.

Ainda hoje, durante a minha leitura matinal de blogues, tinha lido um post relacionado com este tema. Umas horas depois, dei de caras com um site que promovia um livro dedicado a técnicas de espionagem de maridos/mulheres suspeitos de serem infiéis. «Espiar é uma forma de chegar à realidade dos factos. Espiar é uma tentativa honesta de encontrar uma solução para a relação do casal. Você quer saber a verdade. Sente que há alguma coisa de errado», dizia o site. Melhor ainda: «Aprenda as técnicas utilizadas por detectives profissionais e desmascare o seu parceiro infiel». E, para minha surpresa, as técnicas era algo tão sofisticado como instalar câmaras ocultas e escutas em casa e no carro (e de um modo pouco dispendioso, garantem), saber como obter provas de que o nosso parceiro tinha tido relações sexuais com outra pessoa, saber capturar palavras-passe e conversas via e-mail, reconhecer os deslizes que o/a infiel costuma cometer e aprender a detectá-los, entre muitos mais...
Primeiro ri-me, claro, é uma ideia completamente descabida. Mas depois fiquei preocupada. É possível que existam mesmo pessoas dispostas a passar por isto. É claro que, quando estamos desconfiados, todos nós já deitámos ou estivémos tentados a deitar, um olhinho a pelo menos uma SMS, a um e-mail, a uma conversa no MSN. É verdade que, várias vezes, quando há fumo, há fogo(!), mas será que justifica tamanha perda de tempo, tamanha ansiedade, tamanho desgaste?

Escutas? Perseguições? Luz negra? Para quê brincar aos detectives profissionais? Se queremos saber a verdade, porque não ir directamente à fonte e tentar saber? Conversar, dialogar, perguntar, analisar. Mesmo que nos acusem de sermos ciumentos ou de imaginarmos coisas, esse deve ser o nosso ponto de partida. E, no fim, alguma resposta ou reacção iremos ter. Se acreditarmos, tudo bem, não se fala mais nisso. Se não acreditarmos nela, se continuarmos com a angústia, o tal aperto no coração, de que vale estar numa relação assim? Estar com uma pessoa em quem não confiamos? Ou estar com uma pessoa que não nos faz sentir confiantes? Não é, de facto, uma boa aposta se queremos partilhar a nossa vida com alguém.
No site encontrava ainda uma (suposta) testemunha: «O meu marido tem-me tratado pessimamente de há uns tempos para cá e eu suspeitei que ele tinha uma amante. Encomendei os vossos manuais e, numa semana e meia, descobri tudo. Toda a minha vida fui dona de casa e, se eu consegui usar as técnicas, toda a gente consegue.» Portanto, aquilo que me ocorre é que só vale a pena deixá-lo porque ele tem uma amante, não porque ele a trata «pesssimamente». Ok.

Contas feitas, afinal só nos resta um bom momento de introspecção e definirmos aquilo que realmente queremos para nós próprios.

8 comentários:

N disse...

Foda-se. Isso é coisa de gente louca.
Também é verdade que nunca passei sequer pela leve desconfiança e não duvido que seja horrível, mas ser um detective profissional homemade... Way too much.

Anónimo disse...

Cada vez gosto mais de ti. PONTO.

Analog Girl disse...

Gosto dessa parte em que ela diz que foi dona-de-casa a vida toda e que conseguiu por tudo em prática! Hilariante!
É caso para dizer, "de detective e de louco..."

Agora mais a sério, também li esse post e assusta-me a cabeça das pessoas. Penso nos Mários Venturas desta vida e ao ponto a que determinadas coisas chegam para perdermos o controlo delas. Por meu turno, também opto sempre pelo diálogo, o resto logo se vê, mas só com transparência e honestidade é que as coisas se resolvem realmente.

Anónimo disse...

Analog Girl,
engraçado... não me lembro de me ter apresentado a ti, muito menos como Mário Ventura.

Por isso, já agora, se puderes explicar o que têm os "mários venturas desta vida" eu agradecia...

É que estou tentado a apostar qualquer coisa em como não fazes a mínima ideia de quem eu sou e, posto isto, o que escreves é grave...

Analog Girl disse...

MRV, não, nunca fomos apresentados, por isso, como deves calcular, este comentário nada tinha a ver contigo, até porque se fores ver bem, nunca apresentei aqui nenhum comentário ofensivo para com ninguém, por isso não compreendo porque achaste que o ia começar a fazer fazer contigo.

Se bem me lembro, o detective mais conhecido e com mais recursos e apetrechos de vigilância, chama-se precisamente Mário Ventura, e faz dinheiro a vigiar maridos e mulheres infiéis, daí o comentário.
A não ser que me tenha realmente enganado no nome, mas mesmo assim também não há necessidade de partir para conclusões precipitadas, não concordas?

Lamento que tenha havido aqui confusão, mas como podes ver, o meu comentário faz muito mais sentido agora, e não tem absolutamente nada a ver contigo, nem pretende ser ofensivo sequer para o próprio Detective Mário Ventura.

Anónimo disse...

Não falei em comentário ofensivo, apenas não tinha percebido o teor do teu comentário e o meu nome pelo meio.

Agora que já te explicaste, como eu pedi, começa a ter alguma lógica.

Peço então desculpa se também o meu comentário foi mal interpretado porque a minha única intenção foi que explicasses o que tinhas dito, não uma acusação de comentário ofensivo.

Analog Girl disse...

Tudo ok, não passou de um mal-entendido.

;)

Insano disse...

Toda a gente sabe que os blogues são para serem lidos à noite. De manhã não faz sentido. Vamos lá a rever esses hábitos, sff.
Ao madrugar é para ler jornais. Sim?