Li algures que as pessoas dão aos outros aquilo de que mais precisam. Fez-me pensar. Pensar que quando damos a nossa amizade mais completa a alguém, é como pedir a essa pessoa que também nos dê a sua, é pedir-lhe que tenha cuidado, que nos trate bem, que fale, que oiça, que procure, que não nos engane, que confie e seja de confiança, que faça toda essa entrega valer a pena. Pedimos reciprocidade. Fez-me pensar que em tempos te estendi a minha mão e te dei a minha amizade. Era o meu presente. Mas é como um daqueles presentes que temos que transportar com cuidado, porque são frágeis e se podem partir. Mas trataste-o descuidadamente. Abanaste-o, atiraste-o ao ar, deixaste-o cair. E não colaste os pedacinhos que sobraram, abandonaste-os com indiferença no meio do chão, tal como estavam. E as minhas mãos continuaram vazias, presenteaste-me com a ausência.
Perdi muito tempo a colar os pedacinhos de novo. Mas guardei-os para mim. Agora apercebo-me que já não há mais nada que te queira dar. Porque também já não há nada que te queira pedir.
(uma pseudo-continuação do post "Qui" da J.)
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Há 6 anos
3 comentários:
A quantidade de vezes que as pessoas falham e subestimam gestos, sentimentos e ofertas é enorme. Falhamos todos, uma ou outra vez. Damos por isso às vezes, mas preferimos não dar importância. Outras vezes, tentamos remediar. Outras, deixa-se andar. E os pedaços dos outros e os nossos ficam ao abandono. Mas o fôlego é insuperável e a capacidade de recomeçar, respirar fundo e "'bora lá dar um passo em frente" é incrível.
Só espero que nunca mais ninguém te faça mal. De que forma for.*
Infelizmente essa decepção faz parte da vida. Torna-nos mais reservados e cautelosos.
Mas desde que não nos impeça de continuarmos a oferecer o nosso coração a quem o merece...
Pois, Qui, oferecee masé o teu coração a mim! (a)
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