Vacas com nome próprio dão mais leite, sabia?
A investigadora Catherine Douglas tem razão: sem os IgNobel haveria menos atenção prestada ao bem-estar das vacas. Felizmente, o seu estudo não passou ao lado da revista Annals of Improbable Research, que desde 1990 atribui os IgNobel, para a ciência mais estranha e que talvez não deva ser repetida.
Mas devido ao trabalho de Douglas, sabemos que as vacas que têm nome dão mais leite, o que o fez merecer o IgNobel da Medicina Veterinária. "Estou contente, porque, apesar do divertido ser a ideia de vacas com nomes serem objecto de estudo científico, o prémio deu mais publicidade ao bem-estar das vacas", disse ao PÚBLICO, por e-mail, a cientista da Universidade de Newcastle.
O galardão foi entregue ontem à noite numa cerimónia em Boston, na Universidade de Harvard, que reuniu antigos IgNobel e verdadeiros Nobel para laurear estudos que "primeiro fazem rir, e depois fazem pensar".
Em 60 segundos, tal como os outros galardoados, Stephan Bolliger teve de explicar se causa mais danos bater na cabeça de outra pessoa com uma garrafa de cerveja cheia ou vazia, o que lhe valeu o IgNobel da Paz.
A polaca Karolina Lewestam, que representou todos os polacos que têm carta de condução, recebeu o IgNobel da Literatura, atribuído à polícia irlandesa que passou mais de 50 multas de condução ao polaco Prazo Jazdy - as palavras polacas para "carta de condução", que estão escritas sempre por cima do nome da pessoa.
Já o laureado pelo IgNobel da Química não podia estar mais contente. "Produzimos diamante a partir de acetona, etanol, metanol. Mas a partir de tequilla é outra coisa. A tequilla é considerada no México a bebida dos deuses. É conhecida mundialmente e graças a Deus, nós (os mexicanos) podemos transformá-la em diamantes", explicou Javier Morales. A acompanhar de perto.
O IgNobel da Medicina foi para o estudo do norte-americano Donald Unger, que passou 60 anos a estalar os dedos só da mão esquerda para ver se causava artrite. O IgNobel da Economia foi para os directores de quatro bancos islandeses, por demonstraram ser possível transformar pequenos bancos em grandes bancos e o seu inverso.
As contas de investigadores norte-americanos valeram-lhes o IgNobel da Física, ao determinarem analiticamente a razão das grávidas não caírem com o peso da barriga.
O IgNobel para a Saúde Pública foi para Elena Bodnar, que inventou soutiens que podem ser transformados em máscaras antigás, em caso de emergência, para a pessoa e para quem for a passar. Bodnar levou vários exemplares para a cerimónia.
Uma equipa de cientistas japoneses mostrou que as bactérias das fezes de panda são capazes de degradar 90 por cento do lixo orgânico da cozinha, e receberam o IgNobel da Biologia. Pena que haja poucos pandas.
Finalmente, o IgNobel da Matemática foi para Gideon Gono, governador do banco de Zimbabwe, que mandou produzir notas entre 0,01 e 100 biliões de dólares - um 1 seguido de 14 zeros.
In Público, 2/Outubro/2009